domingo, 22 de dezembro de 2013

desamar

se amor é sacrifício,
sacrifico-me a ponto de perder minha essência
e me amarro, inconsciente, a um modelo pronto
cujas exigências me transformam numa sombra
sem cheiro, cor e vontades

esse amor é uma gaiola de vista bonita,
aprisiona, sufoca e frustra qualquer possibilidade de libertação
mostrando sempre o mesmo horizonte
me convencendo de que é tudo que eu posso ter

se amar é ser dono de um corpo, uma alma
eu peço reintegração de posse de mim mesma
e rasgo o contrato que me obriga a internalizar
qualquer desejo e sentimento proibido

se amor é posse, sofrimento e repressão,
invento uma palavra que exprima o contrário
que signifique um sentir livre de qualquer convenção.

e, hoje, tudo que eu sinto é desamor. 

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