sábado, 28 de dezembro de 2013

A morte da louca

Mais um dia começava. Ela, desesperançada, levantou da cama e foi fazer o café da manhã, contemplando o céu, que nunca antes esteve tão limpo. Até as nuvens se esconderam da visão que seria proporcionada. Após comer, sentou e leu as notícias do dia. Nada interessante. Mortes já não causavam espanto. "Ora, a morte faz parte da vida, não é mesmo?" pensou. Foi para a janela, olhou para cima e notou o claro abandono dos corpos celestes. "Covardes.." resmungou. Olhou ao seu redor e mais uma vez disse para si mesma que o seu lugar não era ali. Todo o ambiente se perdeu nele mesmo, junto com a parede má pintada e a péssima fiação. Os móveis estavam ajeitados de modo particularmente confuso, como um labirinto. Achar a saída desse labirinto já estava fora de mão. Ela só queria ser livre. Todos os objetos da casa causavam nela uma ânsia, fadiga. Por um momento pensou que o problema estava com ela, uma paranoia passageira qualquer. Limpou toda a casa, mas não adiantava. A sujeira estava dentro dela. Foi aí que percebeu que nada que fizesse tiraria as manchas do seu interior. Precisava de ar fresco. Subiu no terraço o encarou o céu pela última vez. Olhou para baixo e viu a solução. Achara a saída do labirinto. Se jogou para fora do prédio e disse:"Perderei minha mente para libertar minha vida". Deixando de herança uma mancha rubra e espessa no chão.

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